terça-feira, 9 de novembro de 2010

DEVEM OS CRISTÃOS CELEBRAR O NATAL?


Nos últimos anos tem surgido uma interpretação particular da Bíblia (2Pe 1:20) que combate a celebração cristã do Natal. Acho extremamente contraditório um grupo se dizer cristão e se levantar contra a celebração do nascimento de Cristo, se a data foi comercialmente deturpada, que se purifique a celebração, mas não se deve rejeitá-la com argumentos, no mínimo, pueris.



Estas pessoas usam quatro tipos de argumentos para se levantarem contra o Natal e sua celebração cristã e são eles: 1) Falta de prescrição bíblica, 2) Incerteza da data exata do nascimento, 3) Origem pagã da festa e 4) Introdução de elementos pagãos ao longo do tempo. Analisemos estes argumentos um a um:


Falta de prescrição bíblica: se formos exigir prescrição bíblica para tudo que fazemos na Igreja, nenhuma Igreja existirá. Por exemplo, não existe prescrição bíblica para celebrar o Ano Novo, o Dia das Mães, o Dia dos Pais, o Aniversário da Congregação e tudo isto os cristãos fazem, logo, o argumento é refutado pela nossa própria prática.
Incerteza da data exata do nascimento: este argumento é sem nenhum valor, porque ninguém afirma categoricamente que Jesus tenha nascido em 25 de dezembro, esta é somente a data, historicamente escolhida, para comemorar o nascimento de Jesus e não uma marca do dia que o Senhor nasceu.
Origem pagã da festa: se formos pensar assim estamos em apuros, pois João em seu Evangelho usou um conceito pagão – o Logos (Jo 1:1) para transmitir uma verdade cristã; da mesma forma o sábado judaico era o “dia de saturno” (em inglês: saturday) e o domingo cristão era o “dia do sol” (em inglês: sunday), ambos os dias com origem bem pagã, mas que o povo de Israel e a Igreja de Cristo foram levados a observar. Assim também, refeições religiosas e ritos iniciáticos com água podem ser encontrados fora do cristianismo e nem por isto rejeitamos o batismo, a ceia do Senhor, o domingo e muito menos o Evangelho de João.
Introdução de elementos pagãos ao longo do tempo: se, em algum caso, houve a introdução de um ou outro elemento pagão na celebração do Natal que se expurgue o tal elemento especificamente, isto não é razão para se destruir toda a solenidade cristã do Natal.


Infelizmente, alguns querendo levar a extremos, se entregam a um legalismo quase farisaico trazendo uma terrível pobreza cúltica ao Cristianismo., fica parecendo que essa gente quer reinventar a roda.


Pense bem: é correto guardar o sábado judaico no Novo Testamento? Claro que não! Paulo deixa isto muito claro (Cl 2:14-17), no entanto, o próprio Paulo frequentava as sinagogas aos sábados com a finalidade de evangelizar os judeus que lá se reuniam neste dia (At 17:1-2); é certo circuncidar no Novo Testamento? Lógico que não, mas Paulo circuncidou Timóteo com fins missionários (At 16:3). Qual o ponto aqui? Mesmo que o Natal não seja algo bíblico, ele desperta o interesse das pessoas para Jesus e nós podemos utilizar isto para a evangelização (1Co 9:19-23), então, por que não pregarmos sobre o nascimento de Jesus nesta época? Por que não fazer reuniões especiais contando a maravilhosa história do Salvador? E assim, convidar amigos e parentes não cristãos para conhecerem nossas congregações e, quem sabe, se tornarem cristãos? É uma ótima oportunidade que não deve ser disperdiçada.


Com tudo isto em mente, precisamos rejeitar esses erros de interpretação, que empobrecem e enfeiam a bimilenar história cristã. Celebremos o Natal: para a Glória de Cristo e o bem de sua Igreja!




Sandro B. Sampaio